sábado, agosto 20, 2005

As Datas

As Datas significam tudo para os humanos e ao mesmo tempo, Nada! Um Natal aqui, uma Páscoa ali e a dor continua, a angústia por ver seus objetivos caindo na mais infeliz rotina. A Igreja fatura ao passo que o comércio também. Os pobres seres humanos, mergulhados nessa selva de informações, deveres e tarefas a serem cumpridas, cumprem o ritual: pagam seus dízimos, participam das oferendas ao tédio, sabem que é chato ficar dando parabéns pra uma multidão de pessoas inexistentes em sua vida social, mas ... se não fazem isso, são vistos como esquisitos, nessa maioria cega e obstinadas por datas, dia disso ... dia daquilo.
E o Nada vai operando suas vidas; se divertem, é óbvio, mas necessitam cada vez mais de datas para compensar suas frustrações. A Data então, surge como uma espécie de droga, de “muleta”, para suas tristezas serem afogadas num mar de bacalhau, num oceano de chocolates, presentes e cumprimentos sem sentido ...
A velha senhora diz lá da janela com a mais profunda ingenuidade: “Feliz Natal, meu filho!”, ou então a sempre presente: “Feliz Páscoa!”, mal sabendo ela, pelo que aquele sujeito passou instantes anteriores, observamos então, esses cumprimentos como desculpa para diálogo, uma forçosa, mania de querer “falar”, se expressar e participar do momento do anônimo cidadão.
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W.F.Júnior

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