sábado, agosto 26, 2006

MC Dia Infeliz


Logo ali, há um pasto.

Um inofensivo bezerro acaba de deixar as entranhas de sua mãe.


Longos meses determinaram esse evento, noites chuvosas, matos e feno, proporcionaram a formação de mais uma nova vida a habitar o planeta.


Esse animalzinho crescerá, vagará pelas matas e mugirá por fome.


Por muitos anos, servirá leite aos filhotes dos humanos e progredirá ao deixar herdeiros para fazerem exatamente o que o primeiro de sua espécie fizera desde então.


Mas, numa manhã comum, a surpresa invade o celeiro: Um ignorante barbudo e vil, munido de chicotes e cordas, aproveita-se do lampejo do sol; em questão de minutos, agarra aquele gentil animal, antes tido como importante, para enfileirá-lo a outros desconsiderados.


Um caminhão sujo de lama e fétido em todos os sentidos, desloca-se por uma rodovia, com a intenção de levar todos os habitantes de seu recinto à morte.


Horas depois do caminhão satânico soltar um a um os enjaulados à pauladas, ele vai embora, deixando que algum outro ser ignorante e despreparado capture-os em gaiolas gigantes apertadas para que, com golpes mortais e desferidos contra o crânio, consiga calar a vida, que antes, era adornada.


Aquela carne abatida é separada, os pêlos são jogados fora, os ossos, moídos com máquinas enormes para se produzir ração, os testículos usados como superstições idiotas por viúvas ingênuas.


Nesse dia infeliz, uma empresa compra as partes mais nobres da carne.

Na TV, ela promete angariar fundos para curas de câncer e outros males humanos, que os mesmos alimentos dela, produziram anos anteriores.


E mais uma vez, a epopéia da palhaçada humana domina o mundo.

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W.F. Júnior













Um comentário:

H A R P I A disse...

As boas ações vindas de grandes companhias nos dão ânsia de vômito