sábado, setembro 23, 2006

Um Deus que não sabia falar

Soluços, mãos trêmulas, emoção, gritos e esperneios – tudo aquilo que atribuem resultado da comunicação com as divindades.

Todas as religiões, sem exceção, colocaram tantos atributos aos seus deuses, que por humildade, todos eles, sumiram sem dar explicações.

Um Deus que tem vergonha do que fez!
Um Deus que mal sabe o significado da palavra “aparição física”.

Um Deus que não sabe falar!

Por muitos anos, os humanos, a procura dessa sua origem mágica, acabaram por se satisfazerem, clamando ao intelecto interior – explorando seus próprios sentimentos.

Hoje, é normal, fingir que se está sendo crucificado, fingir que se está falando uma língua oculta, fingir que adora.

O fingimento é a marca da raça.

Em contrapartida, ao passo que essas mentiras mundiais vão se tornando impossíveis de serem acobertadas, levam aos ouvidos dos imparciais, que o responsável pelo “mal do mundo” é o tal do Diabo, fazendo da inofensiva piada, uma grossa baixaria.

O Deus-mudo se torna inocente.
Passa a ser santo, santíssimo!

A palavra que antes, era apenas palavra, torna-se ação.
Na mão de homens ignorantes e supersticiosos, a palavra “Deus” esfaqueia peitos, a espada mutila os inocentes e o sangue dos justos (esses sim, justos mesmo) pingam nas masmorras e nos casebres invadidos pelas mentiras baseadas na promessa de um Deus que nunca falou – NUNCA DISSE ABSOLUTAMENTE NADA.


__________
W.F. Júnior

2 comentários:

Dinha disse...

queres um Deus humano, demasiado humano?
:)

H A R P I A disse...

Ainda é possível encontrar algumas pessoas que mesmo acreditando no poder divino tem noção que somente isso não basta para se alcançar objetivos e resolver problemas. Uma pequena evolução, discreta eu diria. Mas a outra grande massa que ainda vive a adorar a Deus pelas maravilhas, e culpar o Diabo pelas desgraças, que pena me dá! E pensar que é tão bom se sentir seu próprio Deus, ao contrário do que pensam, quando somos nossos próprios deuses, a nós temos de obedecer e a nós temos de nos culpar, nos punir, nos agradecer... Ah! A vida nos passar mais leve e menos complexa.